quinta-feira, 23 de outubro de 2008

TRISTE





triste entre os tristes do caminho

solitário entre os que buscam seu lugar

lá vai ele, que sou eu, o que ainda insiste

em seguir procurando o que não existe

resistindo à voz que diz que nunca disse

que tentasse, que lutasse, que insistisse

em manter viva a criança que a velhice

quis e quer impedir de se expressar.

enquanto isso, a esperança, moribunda

vai morrendo como um barco que se afunda

devorado lentamente pelo mar

ou fumaça de fogueira que difusa

misturando-se com a névoa vai confusa

se esvaindo quietamente pelo ar...

tantos medos! tantas perdas! quantas surras!

o destino com seus nadas e suas curras

injustiças, mortes bestas, vidas burras,

batizando na orgia de seus hurras

a angústia como algo familiar...

na janela da história de minha fome

pouco importa qual for que seja o nome

do decreto que permite a alguns homens

definirem qual será a sorte de outros homens

o que fazem, o que pensam e quando comem

nessa soma feita de subtrações...

a saudade que não foi já me consome

minha bússola não aponta direções

e no fundo do meu peito o sonho some

dissipado por suas próprias negações...

estou triste, muito triste entre os tristes...

solitário entre os que buscam seu lugar...

mas sou ele, o que sou eu, o que ainda insiste

resistindo e prosseguindo, sem parar...


HUGO LEAL

Um comentário:

Anônimo disse...

Liiiiiiiiiiiiiiiindo, hugo! Tocante. Parabéns!

mallika