domingo, 9 de setembro de 2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A MÍSTICA TRANSPARÊNCIA DE "GUMA"


Meus queridos amigos, depois de receber a alegre e gratificante visita da nossa querida amiga Rosa, a qual aproveito a oportinidade para agradecer toda sua receptividade e carinho, assim como todos amigos que aqui vieram prestigiar a querida poeta e amiga Rosa Maria do blog Rosa Solidão.
(foto:Guma)

O nosso convidado da vez é um poeta, também muito querido por muitos.
Um poeta que inspira e transpira a poesia e a arte em várias formas.
Uma alma que se encanta no dom de cantar e encantar com sua arte e sua forte ligação
com uma terra e seu povo, Angola... Mamãe África...

Pronto, entreguei o ouro! Claro que só poderia ser o nosso amigo "GUMA" ou ainda "GUMA KIMBANDA" como é conhecido aqui por todos nós.

Mas quem será este "Poertista"?? O poeta artista, com uma aura mística, que com suas palavras rebuscadas de dialetos de várias regiões da Angola imprime seu carinho em "kandandos" a todos seus "Kambas"??!!

"Guma, gostaria de te dizer que é um prazer muito grande recebê-lo nesta sala de chá e poesia, seja muito bem vindo!

Bem, eu não sei e acho que muitos não sabem o teu nome, quer começar me falando teu nome?
Guma: Podes me tratar por Guma, pois é com a alma dele que me expresso. meu outro eu é Humberto Rafael.

Rosana: Guma, teu blog sempre me chamou atenção pela originalidade, começando pelos nomes (teu e do blog!). Em pesquisa, constatei que SERRA DA LEBA, é uma montanha em Angola. As palavras "diferentes" que usas, soam como algum dialeto... estou certa? Percebi também nas tuas belíssimas obras de arte, traços que mostram a tua forte ligação com a cultura e o povo africano. Qual a tua relação com a Angola?


Guma: Exactamente, a Serra da Leba está numa região montanhosa que de certa forma separa a Huíla/Lubango e o Namibe. A primeira é uma zona verdejante e a última é o deserto que faz fronteira com a Namíbia. Estas duas zonas de Angola estão ligadas por uma grande obra de engenharia, uma estrada serpenteando a serra e prestando uma vista que alcança muitos kms a partir dos seus cerca de 2000 metros de altitude. Majestosa e imponente ela é meu miradouro, um local de culto e de meditação, uma referência importante na minha vida. Um pouco, como se lá em cima mais perto esteja do céu que mais ao longe no horizonte, beija meu mar!
A cidade da Huíla antiga Sá da Bandeira, foi a primeira cidade onde morei, quando fui para Angola saído de Portugal com 9 anos de idade. Pois embora não seja filho daquela terra, sinto-a como minha, pois foi lá que me fui fazendo gente.
Como tive a oportunidade de residir, estudar e trabalhar em várias zonas de Angola, utilizo algumas palavras que rebusquei dos dialectos de lá, outras palavras são o que se pode chamar calão, para além das que se (re)inventam como faz e muito bem um dos meus escritores preferidos, Mia Couto (Moçambicano). No blog em termos fixos uso por exemplo:
Nos comentários - (X) Mujimbos. Mujimbos: Como quem diz - "o que dizem por aí " ou "boatos que circulam"
Cambas ou Kambas: "amigos"
Mambos do Guma ou (Malambas): "as coisas do guma"
Kandandos ou Kandandus. "abraços"
Nos textos que publico uso outros termos que tento, mas por vezes me esqueço de fazer uma "chamada" para a tradução.
como Calemas = "mar revolto". Gosto dos termos e os utilizo no meu dia a dia, estou tatuado deles, fizeram parte do meu crescimento.
A minha ligação com Angola dificilmente se explica, é algo dos sentidos, mas tem origem nas coisas mais simples que me impregnaram pela sua grandiosidade e, quem venha a conhecer aquele país, jamais esquecerá como aconteceu comigo.
Começando pelo encanto das gentes, não me refiro aos que se ocidentalizaram, mas sim da cultura e tradições riquíssimas que povo expressa pelo humanismo, sua espiritualidade e até pelo respeito e equilíbrio como vivem em harmonia com a natureza. Porque o clima é tropical e tenho saudade de estar na praia com um calor imenso e águas mornas e límpidas e chovendo a rodos refrescando um pouco o ambiente. Porque o cheiro a terra vermelha molhada pelas chuvas seja diferente das demais. Talvez porque os cheiros sejam tão importantes no meu dia a dia.
Com aquele povo aprendi que importante não é o que se tem, mas sim como dividi-lo com equidade. Na essência o Ubunto em todos nós.
O meu relacionamento com o povo era feito a partir das caminhadas a corta mato em direcção à serra, sempre que havia disponibilidade para tal exploração, passando pelas sanzalas e privilegiando o contacto directo com os nativos. Muitos não falavam português e eu não falava seu dialecto, mas quem precisa de falar para se fazer entender?
Gente que sabe receber e cuidar apesar das suas parcas possibilidades. Nessa caminhadas feitas em peregrinação à Srª. do Monte, curiosos me chamavam para confraternizar e traziam água (ovava) fresca em moringues (jarros de barro) e ofereciam pirão (papa grossa de farinha de milho) e peixe ou carne seca, sem talheres rapava-mos à mão da panela comunitária e depois sentava-mos à roda da fogueira, me mostravam suas artes, muita mímica pelo meio e obtínhamos de parte a parte alguns progressos com as palavras a cada visita de passagem.
Do artesanato que na altura se fazia e do saturado estudo de um levantamento feito pelo grande etnólogo José Redinha, que catalogou a expressão plástica das diversas etnias daquela terra, a influência de alguns dos meus trabalhos.
Muito haveria por contar sobre os anos que lá vivi e o que me liga aquela terra, mas a selar essa ligação com Angola estão as duas filhas mais velhas que lá nasceram.
E não poderia deixar de realçar o que representa a música e a criatividade com que a faziam (fazem), aproveitando todo o tipo de objectos e os transformando em ritmos que não dá para ficar imune, só tem mesmo é que gingar.

no vídeo acima que não é muito representativo, pois o instrumento musical se chama kissange e deveria ter como caixa de ressonância, uma cabaça, mas dá a ideia de como se pode ter um instrumento e dar música à alma, ou alma à música.

Rosana: Guma, não é muito difícil perceber a aura um tanto misteriosa em torno do artista!
Quem é o Guma Kimbanda?
Guma: O Guma é uma alma que se encanta, divaga e delira. O Guma é o menino índigo que faz o elo entre o céu e o mar.
tudo o resto só outrem poderá definir, não tenho como me descrever. Tentei no meu perfil fazê-lo, sou olhos nos olhos a transparência da alma, e como não filtro a minha postura no que digo, escrevo ou pinto, espero no mínimo que assim me aceitem como sou, diferente dos demais.
Talvez o Guma seja a fusão de várias vivências ao sabor de um tam-tam de minha África, a minha espiritualidade se manifestando.
De misterioso só tenho, o que ao olhar de quem me quer bem, consegue ver. Se depois de me conhecerem melhor, continuarem a sentir esse mistério, então é porque há mais um "eu" entre os outros que em mim habitam. Mais um que se expressa através de mim.

Rosana: Como a poesia surgiu na tua vida?
Guma: Desde garoto vem o gosto pela escrita e pelas artes. O romantismo acompanhou os passos que dava em meu jardim e as idéias que me surgiam para a prosa, acabavam rimando em ingénuos poemas que dedicava a uma ou outra menina por quem me encantava, por uma árvore frondosa, ou por um fruto delicioso.
Meu pai, para além de artista plástico, tinha a produção de um programa radiofónico bem humorado, no Rádio Clube de Benguela (Angola) e começou a aproveitar meus versos e poemas, assim como a minha pessoa (nessa altura com 11 anos de idade), para um personagem desse programa, que à boa maneira antiga era um romântico desmesurado e a figura amiga de um casal, a quem moía a paciência declamando suas obras.
Olho para trás e me parece que toda a minha vida escrevi poesia livre. Essa plantação acontece normalmente em fases de vida mais doridas.
Enquanto a prosa, salvo raras excepções é humorada e em divagação nos momentos em que meu estado de espírito está bem mais tranquilo.

Rosana: Guma, qual a importância, que papel ocupa em tua vida, a poesia e as artes plásticas?
Guma: Uma e outra, são a forma de minha sustentação, meu equilíbrio. Alimento da alma e a melhor das terapias.
Como tal, é tão importante para mim como respirar. Como no começo de cada dia olhar lá para cima e dizer Obrigaaaaaado! em voz alta e braços abertos acolhendo o que vier. Quem assim me ensinou, me disse para não esperar nenhuma resposta falada, nem meu eco.
Tinha razão em me dizer que mesmo assim, jamais deveria deixar de o repetir vigorosamente a cada acordar.
Na minha vida, a arte em todas as suas formas de expressão, é vida a acontecer, reflexos da sensibilidade para além do prisma de cada um em termos estéticos, e lhe quererem ou não, chamar de arte.

Rosana: O que mais te inspira?
Guma: Esta pergunta tem várias respostas.
Mas tentarei ser conciso dizendo que é O AMOR.
Partindo do principio que a cada gesto meu, sinto a necessidade de o revestir de amor, tudo fluí e atrai as melhores energias.
Cedo aprendi, que tudo o que fazemos sem amor e dedicação, dilui-se sem conteúdo e dificilmente vinga.
Amor e Natureza, a fusão existe à nascença, mas aos poucos há quem as distancie, o que é pena.

Rosana: Percebí que és um artista com várias facetas, ou seja, tens vários dons nas artes; dentro desta diversidade de talentos, qual mais te fascina, te preenche como artista e por que tanta variedade?
Guma: Todas as formas de arte são um regalo para meus olhos, mesmo aquelas que não domino como é natural.
De todas as que pratico, pois não sou um artista, apenas um artesão das manualidades, a escrita é a que me toma mais atenção, não porque goste mais do que as outras, mas por me ser a mais acessível.
Adoro meter as mão no barro, embora nem sempre reúna condições para o fazer.
Pintar com tintas acrílicas abriu-me um novo horizonte por causa dos tempos de secagem e técnicas e improvisos que se podem explorar, mas uma tela para mim, é algo que inicio muitas vezes sem uma ideia pré concebida e que a cada fase vou contemplando, horas, dias e se vai recreando ao ponto de o início nada ter a ver com o produto final. Enquanto uma tela não sai de minha mão, não a considero completamente acabada. Muito se poderia filosofar acerca.
Trabalhar o couro, decorando-o por pirogravação e relevos, é outro mundo que gosto de explorar e do qual já subsisti durante largos anos.
Considero que não tenho uma inclinação maior para uma das vertentes, tudo depende da disposição e das condições que se me prestam na altura.

Rosana: Guma, na tua opinião qual o papel da poesia e das artes em geral nos dias de hoje onde tanto se fala e tanto se anseia a paz de uma Nova Era?
Guma: Muito se fala e pouco se faz por essa Nova Era e assim escrevo não desmerecendo de forma alguma, tantos valores intrínsecos, que felizmente com as novas tecnologias, vão podendo dar voz e contributo para tão ansiada Era. Mas este mundo terreno, vive demais no imediatismo das concretizações.
Creio que assim como os afluentes vão aumentando aos poucos o caudal dos rios, esse trabalho de amor e humanismo, vai-se multiplicando, gerando patamares de espiritualidade que são um maravilhoso contributo para a mudança das mentalidades.
Como em algum lado escrevi, não alcanço as estrelas, mas não é por isso que me deixo de encantar por elas. Tenho esperança, mas o traquejo que a vida me deu, diz-me que as mudanças são sempre muito lentas e por ventura, ainda bem, para que tenham consistência.

Rosana: Tens alguma obra editada? Algum projeto em andamento?
Guma: Tenho uma edição de autor, a que chamo "caixa de poemas" por ser realmente uma caixa em cartolina, artesanalmente por mim construída e impressa com uma pintura retirada duma tela de minha colecção particular.
O conteúdo, é poema a poema em folha solta impressa em papel reciclado. Cada peça que é de edição limitada, é numerada, assinada e com dedicatória.
Por agora foram editadas no número igual às filhas que tenho, os melhores pedaços de mim.
De seguida e logo que me seja permitido pelo pouco tempo que tenho disponível, colocarei à disposição no blog para quem queira partilhar meus poemas tendo na mão folha a folha, setenta e muitos retalhos de mim, alguns inéditos e que provavelmente não serão publicados no blog.
Do mesmo modo está em projecto a edição num mesmo formato completamente artesanal, uma "caixa de contos"
De ressalvar que não tenho a intenção de publicar por editora, muito menos generalizar a distribuição.
Tão somente chegar, a quem faça gosto em ter meus poemas e contos num formato que não seja a tela dum computador.
Se dar ao toque e saber que folha a folha fui eu que imprimi... que as minhas mãos manusearam aquela folha que têm em suas mãos, com carinho, e nelas imprimi um pouco de minha alma.

Rosana: Bem, mas além do poeta e artista, também tem o "Guma comentarista"!! Muito bom por sinal!! Fale um pouco sobre isso!
Guma: Começo por explicar, que nunca fiz uma postagem e logo de seguida ir para a "ronda" aos seguidores / leitores/ amigos, para conseguir retorno em meu blog, pelo que manifestamente aprecio quem me comenta, porque tenha gosto em me ler para além do manifesto e justo interesse em ter retorno.
Assim sendo, faço gosto nessas visitas aos amigos, quando consigo tempo de qualidade para ler, entender quando possível e então me manifestar através de comentário. Muitas são as vezes que leio e na emoção me faltam as palavras para a descrever. também não me corto de fazer a minha critica e gosto que na base da sinceridade me critiquem também. Ninguém é perfeito!
Quando leio publicações de amigos, ou os seus comentários, atribuiu a cada um, a voz que não lhes conheço, da mesma forma tento comentar como se na presença do amigo pudesse estar à conversa, dissecando o seu texto ou poema. E tudo fica mais simples, transparente e amistoso.

Bem, chegou a hora de tomar o nosso chá!

O Guma me contou que é muito "chazeiro" rsrs Gosta de quase todos os tipos de chás, mas que tem uma predileção por chá de frutos vermelhos...

Enquanto eu e o Guma tomamos este delicioso chá, vocês saboreiam a poesia do nosso querido
amigo Guma!

DIZ-ME

diz.me
ao que sabe um beijo
ainda que na minha surdez
o perceba como uma pálida ideia

diz.me
ao que sabe um abraço
ainda que não mo dês

diz.me
como dar-te a mão
e na minha cegueira
poder caminhar

...diz.me...
para que servem as asas
se no teu céu não puder voar

(de) amarras

Há um sono profundo
na hibernação dum corpo
que se reclama mais fundo
que o dique da barragem mental.
O espírito indomável
plana além do estático e amorfo,
segue para lá do branco manto
e se liberta do sufoco.
As amarras, meras estacas
balizam enormes o que é material.
Por isso, viajo em ti, pensamento,
no nós que desapartas,
no não palpável,
no irracional.


Imagem: Guma

Não tenho dono
num céu que é teu,
não tem outro.
Humildemente, plano nele
contra o vento, como se fosse meu.
Umas vezes feliz, outras amorfo.

Vejo-me entardecer.
diluir-me no tempo
dando asas ao pensamento
que receio não acontecer.

A Lua brilha em pranto
e tinge meus cabelos
que anseiam tuas mãos veludo
e me perder em sonhos
que possa vivê-los.

Estou assim
ora no céu planando
ora esbarrando
nas pedras de um rio
onde a neve derretida
estanca o caudal da vida
num fino, frágil e gélido fio.

hoje... sinto-me assim!

Hoje... sinto-me assim:
Roubo a solidão,
só para mim!
Momentos meus...
e de quem sonho,
momentos são.
Se ma tiram...
que será feito de mim?
Quando os que preciso dizem que ficam...
mas realmente... já lá não estão!

Guma Kimbanda

Convido a todos a conhecerem um pouco mais da poesia
e da arte deste "poertista" maravilhoso que na simplicidade
e pureza de sua alma canta e encanta a vida de forma única e
beleza singular.



Guma, te confesso que foi uma momento muito especial e te agradeço o carinho
e receptividade para esta partilha!

*Deixo um mimo para ti e para os que aqui vierem prestigiar o querido amigo! *


Selo oferecido pelo blog Almas Azuis
Sala de Chá e Poesia.

"Kandando do Amigo Guma"
Blog Serra da Leba

domingo, 14 de agosto de 2011

Chá e Poesia com a Sonhadora, a Rosa Solidão...

Queridos amigos, depois de um longo período sem receber visitas, tenho a grata satisfação de reabrir a sala de chá e poesia, trazendo uma pessoa muito querida, conhecida de muitos, pois está sempre estampando nossos blogs com seus comentários carinhosos e perfumados, nas visitas frequentes que sempre nos faz! Para este momento especial, arrumei toda a casa! Espero que tenham gostado e que curtam comigo a emoção em receber esta visita especial! Estou falando da nossa querida Rosa Maria, a amiga Sonhadora do blog Rosa Solidão

http://rosasolidao.blogspot.com/

Rosa Maria reside em Sintra, Portugal mas é natural de Amareleja, Beja (Portugal) Suas palavras descrevem o carinho à sua terra natal onde viveu... "Nesse Alentejo onde fui criança...fui feliz...onde as horas flutuavam ...a planicie vinha ao meu encontro num tempo eterno concreto, onde tudo era uma cascata doce de felicidade, na manhã que me cobre o rosto e me protege, como as mãos da minha mãe, nos momentos de todas as lembranças a serenar-me a alma num sorriso, que hoje encontra sentido dentro de mim, de um tempo que ainda existe, distante no silêncio da minha memória, mas um silêncio diferente, de musica infinita de paisagens...de cheiros...de imagens, que ainda existem nos sonhos da criança de cabelos apanhados num laço...no olhar o céu de Primavera...no ar o perfume da planicie, no olhar a claridade de um sorriso da criança, que hoje é mulher madura, que quer apanhar todos os sonhos da criança que foi".
Rosa é sagitariana do dia 13 de dezembro e para a alegria de alguns e nem tanto de outros, é torcedora do Benfica!!!
Rosa costuma falar em seu blog sobre si mesma poeticamente, com palavras profundas e sentidas, marca reistrada de seus poemas.

"Caminho na treva...sem rumo...abismo vazio

Fui tudo...sou nada...fui amor...sou chão
Sou sangue...sou noite...fui flor...sou frio
Fui vida...sou morte...eternamente solidão"

"Sou a distância entre mim e a outra...a tempestade e o remanso das águas...sou muitas...sou eu...a pétala da rosa e o espinho...um grito solitário...a chuva de verão...um pássaro cinzento...sonho e ilusão"...

Rosana: Quem é a Sonhadora ou quem é a Rosa Solidão?
Rosa: Quem é a sonhadora?...difícil descrever-me e fácil escrever-me...sou uma sombra fugídia...não estou no meu tempo...voo sempre além de mim...inquieta e insubmissa...uma urgência de viver e ao mesmo tempo um abandono à solidão...uma procura indefinida...sonho e fantasia...o sim e o não.
Eu costumo dizer que sou eu e a outra...a mulher que é trovão e tempestade...anjo e demónio...forte e serena.
E a mãe...que é toda útero...apaixonada perdidamente pelos três homens da sua vida...os meus filhos são a melhor coisa que a vida me deu...mesmo que só por eles valeu a pena ter nascido...por eles desceria ao inferno.
Eles são o meu altar...o meu lugar sagrado...a minha oração...a minha guarida...o meu mundo...eles são EU...são os filhos que toda a mãe pede a Deus.
Escrever...não sou poeta...apenas escrevo umas coisas...sou uma dona de casa simples...não gosto de me pintar...gosto de roupas simples e que me sinta bem com elas...embora na minha juventude fosse vaidosa...hoje sou apenas uma mulher igual a tantas outras no princípio do Outono.Gosto do meu cabelo branco (que assumi...não pinto), sou eu a preto e branco.
Como mulher trabalhadora fui contabilista...entretanto com 3 filhos para cuidar, resolvi dedicar o meu tempo a eles e deixei de trabalhar...talvêz não o devesse ter feito...porque deixei de ser independente...mas quando ouço os meus filhos dizerem-me que foi a minha melhor opção...então penso que valeu a pena.

Rosana: Rosa, como a poesia entrou em tua vida?

Rosa: A poesia nasce da solidão...da insatisfação...do querer sempre mais da vida que aquilo que ela lhe pode oferecer...o poeta não se encontra nunca...o pensamento sempre em luta constante com a razão...é o grito silencioso do amanhecer...a pulsação da vida...porque a poesia é vida...e a sombra que envolve o poeta...é amor e dor em luta constante...a poesia é o êxtase da palavra...a poesia é a minha nudez...nela me entrego me encontro...um encontro por vezes doloroso...mas nela sou eu MULHER...eu estou inteira na minha poesia(?), quando escrevo sobre a dor de amor...sou eu...quando escrevo sobre o amor é a sonhadora.
Sempre escrevi...desde muito nova que adoro escrever...mas só agora me deu na cabeça fazer um blogue...embora sem pensar que seria o que é hoje.

Rosana: Rosa, hoje teu blog conta com mais de 600 seguidores e recebe a cada postagem muitos comentários além de mais de 132.000 acessos...ao que atribues este sucesso!?
Rosa: O segredo? Talvez as pessoas sentirem que eu estou ali inteira e quem me visita tem a sensibilidade para sentir isso...e é verdade o meu blogue sou eu...nua e crua.

Rosana: Tens alguma obra editada? Participas de outros sites?

Rosa: Não tenho nenhuma obra editada...não por falta de convite...mas não acredito muito na qualidade do que escrevo...acho que estou muito longe de ser poeta e publicar apenas por publicar...acho que é um desrespeito pela palavra...neste caso a poesia...e eu respeito-a muito. Costumo participar (embora não tanto como gostaria), na http://casadapoesia.ning.com/profile/Rosa , é onde vou mais e no facebook .

O momento do chá!




"O chá que gosto é de Tília...de preferência colhido da árvore e seco por mim...e de repente voltei no tempo ao meu Alentejo...ás minhas raízes...ao colo da minha mãe...e neste momento...como dizia num poema meu: chove-me no rosto...talvez com saudades de mim...da outra...loucuras de pseudo-poeta."



Agora, enquanto eu e a Rosa tomamos nosso chá os amigos podem se deliciar com os poemas da nossa querida convidada!

Rosa, aproveito a oportunidade para te dar os parabéns pelo aniversário do teu blog,
que em setembro completa seu segundo ano!
Abaixo o primeiro poema postado por Rosa, na abertura do blog.

A primeira postagem DIA 03 DE SETEMBRO DE 2009

NOITE



Na Noite a solidão
Me aqueçe e me faz frio


Tolda-me a razão
Entro em desvario

Quero a inconsciencia
De um sono pesado
Quero a dormencia
De um sonho acabado

Noite amo-te e odeio-te
És minha companheira
Vivo-te intensamente
Em consciencia derradeira

Noite escura
És minha confidente
Ouves a amargura
Que me mata lentamente


Noite... Minha amante


Noite minha amante...que voluptuosamente me abraças
Ternamente me possuis...e na tua escuridão me enlaças
Vestida de negro...choro e canto...nesta dor o meu fado

Hoje a dor me asfixia...num sorriso amargo...numa lágrima
Deixem-me chorar...quero soltar ao céu o meu lamento
Hoje o passado me doi...e o futuro veste-se de mágoa
Hoje deixem-me só...quero gritar esta dor ao Vento

Não chorem por mim...não me lamentem...triste louca
Deixem-me na treva...não toquem meu corpo sem vida
Deixem-me sem rumo...na poeira do tempo vago envolta
Caminhando entre as pedras...tão magoada...tão dorida

Sou o manto da noite...vagueio num abismo profundo
Não sei quem sou...quem fui...é na treva que habito
Calei o meu grito...amortalhei-me...cheguei ao fundo
Silenciei o meu corpo...calei a voz e morri...nada sinto

Envolta no negro manto...a ti morte...serena me entrego
No meu peito...tudo é escuridão...tudo é tristeza e nada
Neste lamento me vou...e deste mundo nem saudade levo
Entre preces e soluços...na noite deixo a minha mágoa

Vestida de brocado...negra nuvem...minha solidão
Suave sopro de vida...além da margem...além da dor
Vazios eternos...escorrem tão tristes...da minha mão
Rasgando a alma e o corpo...um triste poema de amor.

Rosa

MEU ÚLTIMO POEMA DE AMOR


Meu amor...hoje não quero que me leias...apenas sente
Cala os silêncios...aquece o vazio do meu coração
Sente-me...envolve-me em ti...terna e docemente
Lê o meu olhar...sente meu amor...na tua a minha mão

Queria...ser rosa vermelha...vestir-me de paixão
Viver no teu amor...a magia de um momento
No meu poema...escrever teu nome...em oração
Numa última noite de amor...voar perdida no Vento

No vazio do meu peito...nasceu uma rosa selvagem
Sedenta de amor...sedenta de vida...de ternura
Queria viver o sonho...acordar envolta nesta miragem
Perdida de mim...tocar o céu...gritar minha loucura

Queria vagar no céu azul...num olhar de sedução
No mar do teu corpo...entregar-me docemente
Voar no infínito do tempo...planar na imensidão
Vestir-me de alvorada...ser tua eternamente

É no silêncio das palavras...que encontro o teu olhar
É no calor do meu corpo...que a ternura em mim navega
Foi no silêncio do meu olhar...que te toquei...sem te tocar
É neste amor imenso...que o meu sonho em ti se entrega

É meu último poema de amor...meu último grito de vida
Na rosa renascida no meu peito...apenas a noite me sente
Meu último sonho de amor...meu corpo em despedida
Última rima...última recordação...que te entrego docemente

Rosa

Querida Rosa, te agradeço de coração por ter aceito gentilmente meu
convite para participar deste momento que considero muito especial.
Como me dissestes sou uma de tuas primeiras seguidoras e tu uma de minhas
primeiras também! De certa forma, com o tempo, passamos a fazer parte
(ainda que tão distantes ) da vida uns dos outros neste espaço da internet e
são estes momentos sublimes que nos fazem acreditar que temos amigos sim...
Passamos a nos envolver, a nos preocupar e quando sabemos que nossos amigos
distantes não estão muito bem, queremos logo ter notícias... enfim Rosa, te agradeço
o carinho e a gentileza de ter me oferecido a tua foto atual para esta postagem, gesto
que me emocionou muito... vou te deixar um mimo, uma lembrança pela tua participação
neste meu cantinho... um grande abraço com carinho,
Rosana Souza


Ofereço um selinho de participação aos amigos que vieram
prestigiar nossa querida amiga Sonhadora!


sexta-feira, 5 de agosto de 2011