tem que vez que o amor, pressionado e confrontado
com os pecados que o mundo lhe alardeia,
sentindo as dores da ofensa que o condena
à escuridão dos olhos que o rejeitam,
ergue sua voz ressentida com o silêncio
e grita alto sua carência de infinito...
é este grito, proclamando sua abrangência,
que eu, em meus poemas, faço dito
quando em palavras lavradas na minha essência
sou escravo da ternura em que reflito
a grandeza do que ocupa o coração.
nestes versos, onde as métricas e rimas
se rompem todas pra soltar do peito aflito
as correntes que agrilhoam minha emoção,
me declaro muito acima dos juízos
me declaro muito acima da razão
com que os homens batizam de maldito
o que veio como benção inexplicável
e venceu com força indescritível
aquilo que tentou sua negação.
diante desse amor, a rocha mais dura
que na alma de alguém fizer morada
verte areia e se vê desintegrada
diluindo-se em um mar com maré cheia
na luz da imensidão que guarda o nada.
porque o amor que trago em mim me trouxe tudo.
imensurável como é seu conteúdo,
incompreensível como dom que é do Incriado,
foi formado do passado e do futuro,
para que seja só presente a qualquer hora.
por senti-lo, meus pecados têm virtude,
e eu, aprendiz da plenitude,
canto e vivo a eternidade que há no agora.
Hugo Leal
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