sexta-feira, 2 de maio de 2008

CANÇÃO DO AMOR QUE SINTO

tem que vez que o amor, pressionado e confrontado

com os pecados que o mundo lhe alardeia,

sentindo as dores da ofensa que o condena

à escuridão dos olhos que o rejeitam,

ergue sua voz ressentida com o silêncio

e grita alto sua carência de infinito...

é este grito, proclamando sua abrangência,

que eu, em meus poemas, faço dito

quando em palavras lavradas na minha essência

sou escravo da ternura em que reflito

a grandeza do que ocupa o coração.

nestes versos, onde as métricas e rimas

se rompem todas pra soltar do peito aflito

as correntes que agrilhoam minha emoção,

me declaro muito acima dos juízos

me declaro muito acima da razão

com que os homens batizam de maldito

o que veio como benção inexplicável

e venceu com força indescritível

aquilo que tentou sua negação.

diante desse amor, a rocha mais dura

que na alma de alguém fizer morada

verte areia e se vê desintegrada

diluindo-se em um mar com maré cheia

na luz da imensidão que guarda o nada.

porque o amor que trago em mim me trouxe tudo.

imensurável como é seu conteúdo,

incompreensível como dom que é do Incriado,

foi formado do passado e do futuro,

para que seja só presente a qualquer hora.

por senti-lo, meus pecados têm virtude,

e eu, aprendiz da plenitude,

canto e vivo a eternidade que há no agora.



Hugo Leal

Nenhum comentário: